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Como vejo a inclusão

Educar significa, antes de tudo, incluir, integrar, refletir, conectar e transforma-se, através do conhecimento. Mas Incluir é também refletir sobre as contradições e os limites das práticas, para ir além da utopia idealista no sentido de alcançar uma utopia possível que contemple a realidade, os direitos e a história. A inclusão de crianças com deficiência intelectual física e sensorial tem suscitado discussões bastante calorosas, debates intensos na questão dos direitos, da cidadania e da viabilidade de um modelo que dê o devido espaço e reconhecimento ao direito de acesso do deficiente à socialização, à cultura, ao convívio com seus pares, através da escola regular. Mas a inclusão embora esteja fundamentada em um direito, não se restringe apenas ao acesso à escola, à garantia da matrícula e à inserção física do aluno a todo custo. A inclusão responsável envolve um aprofundamento de questões conceituais, da implementação de políticas públicas, da garantia de acessibilidade e das quebras das barreiras arquitetônicas e pedagógicas, de mudanças substâncias mais criativas e menos autoritárias na forma de ensinar, da capacitação profissional na comunicação mais estreita entre a saúde e a educação. Envolve ainda a contribuição positiva da ciência na construção de novos conceitos que ampliem a construção de uma prática de inserção de crianças com vários tipos de deficiência e distúrbios do neurodesenvolvimento.

Dada esta complexidade, devido a multidimesionalidade das ações filosóficas, jurídicas e educacionais, o desafio da inclusão é talvez um dos maiores que o sistema de educação brasileira tem corajosamente abraçado, a despeito do fato de ainda sermos, em vários aspectos uma sociedade de excluídos. É importante colocar-se as seguintes questões: Quais os programas e recursos institucionais disponíveis para as crianças com deficiência física, mental e sensorial que garantam juridicamente o acesso da população a educação de qualidade? Quais os modelos e alternativas que se colocam na sociedade, nas escolas regular para abordar a inclusão? E como nós enquanto sociedade, universidade e indivíduos podemos contribuir para uma melhor aceitação e viabilidade de programas de acesso da criança a uma educação adequada as suas necessidades especiais, que seja ao mesmo tempo realista, orgânica e sobretudo participativa?.

Discutir inclusão é refletir sobre a maneira de integrar práticas para reforçar o sentido de identidade, para a saúde física e psíquica e para a aprendizagem com criatividade, além de potencializarmos os caminhos do desenvolvimento de habilidades e plasticidade cerebral, que atendam as crianças portadoras de disfunção neurológica, déficit de atenção, distúrbios de aprendizagem e lesões cerebrais, bem como ofereça o suporte, a orientação integrada às suas famílias, escolas e profissionais de reabilitação. É preciso alcançar uma visão integrada que busque as intersecções do orgânico, psicológico e social, permitindo a abertura de espaços para se estreitar os vínculos entre aquilo que se faz na escola e aquilo que se conhece sobre o neurodesenvolvimento. Ainda avançamos pouco para uma sociedade de direitos na qual a cidadania, que implica no reconhecimento da diversidade enquanto condição humana, substituindo o desamparo social, o autoritarismo, individualismo, exclusão, segregação, por atitudes de solidariedade e cooperação. Esta realidade bate a porta da comunidade, dos educadores, dos profissionais de saúde, da escola, seja ela inclusiva ou não, e a prática da inclusão escolar evidencia a necessidade de se articular ações voltadas para toda a rede que mantêm a exclusão social, pois é preciso ampliar nossa compreensão sobre as dimensões do problema para que ao mesmo tempo possamos agir sobre os pontos nodais que a sustenta em nossa sociedade.

Criar comunidade de aprendizes e individualizar instrução são elementos essenciais para criação de equipes inclusivas, que garantam um planejamento diário e sistemático, a tomada de decisão relacionada à realização das atividades propostas e a reavaliação constante da eficácia. Quando, alunos com deficiências são colocados em sala de aula no modelo tradicional, nas quais raramente os apoios são implementados, acentua-se nas crianças um sentido de incompetência, de exclusão, pois a presença física não garante o espaço emocional e consciente da presença inclusiva. Promover mediação, parcerias, sistemas cooperativos, discussões e rodas de conversas entre alunos (com e sem deficiência) e professores, pode tornar um desafio impossível numa prática motivadora e humanizada. Neste sentido a criação de uma escola inclusiva é um trabalho em construção, de toda uma comunidade, que muda suas formas tradicionais de olhar, encoraja os alunos e valorizar as diferenças, enquanto forma de humanizar-se, facilitando o nosso sentido de pertencimento.

Não basta celebrar apenas a diversidade, é preciso ensinar os alunos a entender as desigualdades sociais e capacitá-los para desenvolver as mudanças. No sentido de perceber as diferenças, apoiarem-se e serem agentes ativos de mudanças.

Parodiando o filósofo Edgar Morin, vemos que em relação a inclusão: temos nos limitado a sobreviver. É necessário viver. Para tanto é preciso enfrentar os desafios da complexidade com bastante coragem, com a força e abertura que caracterizam a garra e a originalidade do nosso povo.

       

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